quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Amor em iorubá



Teus lábios de iaô,
quando beijam,
têm o som do tambor
que ressoa liberdade.
O teu corpo de iaô
tem doçura, tem sabor,
o efeito de um bori
que traz felicidade.

No passado,
uns lábios de sacrilégio
tocaram meu deus-menino,
deus-profano,
espalhando pecado
em território de amor.

Hoje, no teu corpo ou no atabaque,
com a perícia de um ogan,
batuco, dedilho,
proclamo a liberdade.

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Nenhum desatino



Nenhum desatino,
a mão no umbigo,
na iminência de colher
a flor com seu néctar
em líquido branco e espesso.

Nenhum desatino,
o coração manco,
pé direito, tóc,
pé esquerdo, nada se ouve,
mesmo a correr, tóc
e cessou.

Nenhum desatino,
exceto quando a solidão,
do corpo ou da alma,
se faz presente,
infortúnio vencido.

Nenhum desatino,
se o coração repleto,
ou corpo submerso em gozo,
ou ambos, talvez,
expulsam o frio.

Nenhum desatino.