domingo, 25 de setembro de 2011

A vida sorri

Ai, amor, cada lágrima
Que desce por teu rosto,
Ai, cada lágrima que sai
De teu peito
Deságua
No meu,
Como um rio que, fustigado
Pela vida, desenvolve seu lamento,
E geme: portanto, amada,
Quando gotejar friamente
O teu coração, ai, quando chorares,
Entrega-me as tuas dores,
Que, em minhas mãos, elas se tornarão
Potentes júbilos, e feliz caminharás
Comigo, edificador de um rio
Que corre destemido
Para lavar as desventuras
De tua vida,
Que também são minhas.

sábado, 3 de setembro de 2011

Tu, que já não me amas

Tu, que já não me amas,
Nunca foste sangrada,
Porém já foste beijada
Pela boca que desdenha.

Tu, que já não me amas,
Carregarás todo um exército
De paixões, que, acumuladas,
Não me superarão, no entanto.

Tu, que já não me amas,
Não chorarás jamais:
Nem um dos teus,
Após o adeus,
Depositará ternura em tua saudade.

Tu, que já não me amas,
Amarás, sim, amarás:
Amarás com tanta intensidade
O que já amaste um dia,
A vida, a força, a poesia,
Que de mim transmigraram
Somente para ti.

Tu, que já não me amas mais,
Doravante, de que te alimentarás?
Porém, se ainda puderes amar,
Ama em ti a dor pungente
De minha lembrança.

Tu já não me amas e não amas,
E eu não te amo, portanto...

Tu, que já não me amas,
Verás a noite correr,
Sem que amanheça a tua vida.