quarta-feira, 29 de junho de 2011

Carta aberta aos vereadores de Niterói

Senhoras e Senhores,
A União Estadual dos Estudantes do Rio de Janeiro, UEE-RJ, se faz presente nesta Audiência Pública para reivindicar junto aos vereadores desta cidade a importante pauta da Meia-Passagem para os estudantes universitários.
Este benefício é um importante instrumento de assistência e permanência dos estudantes. A cidade de Niterói concentra grande parte dos universitários do nosso Estado, sendo o segundo maior pólo de Universidades. Este fato é muito saudável para Niterói já que esses jovens incrementam ainda mais na economia da cidade. Porém, como a vida universitária não é barata, muitos deixam seus estudos por não terem dinheiro para se manterem. Além da alimentação, gastos com livros, ainda há o dinheiro do transporte público que absorve boa parte do orçamento desse estudante.
A UEE-RJ, entidade que luta em defesa dos estudantes, tem conquistado em diversas cidades a Meia-Passagem. Hoje ela já é uma realidade em Volta Redonda, Nova Friburgo, Petrópolis e, conquistada mais recentemente para alunos "prounistas" e cotistas, na cidade do Rio de Janeiro. Acreditamos que para a realidade de Niterói este benefício deve ser para todos os estudantes universitários, sejam eles de pública ou particular. Além de garantir a permanência dos estudantes, a aprovação da Meia-Passagem em Niterói mostrará que a cidade está em sintonia com o resto do país, no qual em 16 capitais - como São Paulo, Manaus, Cuiabá, Vitória - e em 100 cidades já há esse benefício.
A isenção da tarifa do ISS, ou qualquer instrumento que a torna uma contribuição meramente simbólica, só deve ser instituída se houver benefícios para a comunidade de Niterói. Além do Bilhete Único, deve ser garantido o desconto da Meia-Passagem para os universitários e, igualmente, o passe-livre irrestrito aos idosos, deficientes físicos e estudantes secundaristas. Caso contrário, essa isenção só irá privilegiar poucos em detrimento de muitos outros interesses envolvidos neste caso. Por conta disso, pedimos atenção aos vereadores para a sociedade de Niterói.
Por fim, gostaríamos que fosse posto em debate e em discussão os Projetos de Lei n°690/2011 de autoria do vereador Waldeck Carneiro e também o Projeto de Lei n°144/2011 de autoria do vereador Leonardo Giordano, que tem como escopo a instituição deste benefício.
A UEE-RJ está disposta a conquistar a Meia-Passagem em todos os municípios do Rio de Janeiro, dando continuidade às sucessivas vitórias que estão ocorrendo em diversas cidades do nosso Estado.
Agradecemos a atenção de todos,
União Estadual dos Estudantes.

terça-feira, 28 de junho de 2011

Por Addae Mbami, meu eu-lírico corrosivo

Camarada, tenho pensado numa coisa meio intrigante. Sei lá, essa noite longa – sim, três dias de noite, camarada, – está se tornando cruel, opressora. Não dá para sair do buraco, companheiro. E neste buraco não há vaginas, não há baseados, não há livros. A única poesia que tem é a que eu tenho que tirar de mim. Mas é um esforço do caralho, camarada, às vezes dói bastante, traz uma lembrança aterradora. Não quero mais ficar aqui, porra, será que é difícil de entender que estou descontrolado?
O quê? As coisas boas? Sim, tem um bocado de coisas boas em minha vida, mas todas elas são findáveis, deixam um gosto amargo na boca.
As paredes me apertam tanto, companheiro, esmagam minha garganta, grito, mas ninguém escuta. Parece-me impossível que não tenha ninguém aqui para abrir o coração e me deixar entrar ou, pelo menos, abrir as pernas e me deixar entrar também. Não há ninguém, camarada, e sozinho não é possível.
Camarada, se tivesse uma pistola cromada ao meu alcance, não sei, não. O que eu faria? Pensa bem, companheiro. Vinte anos de lutas e poucos avanços. Ser a vanguarda do proletariado não é fácil, Lênin deveria ter projetado isso. Não, porra, não é desse tipo de facilidade que eu falo. É preciso ter a mente forte, companheiro, e sozinho assim, como posso ser forte?
Esta noite, camarada, esta falta de tudo, toda a miséria que eu sei que há no mundo acabam comigo, me jogam cada vez mais para o fundo deste buraco terrível.
Não há corda que possa me tirar daqui, não há ninguém.

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Ao desperdício

Escrevo este poema
Ébrio de desprezo
Pela mulher que passou
Sem sequer notar-me
Porque estava atrasada
Para ir ao trabalho.

Escrevo este poema
Para contemplar minha ignorância.
Dedico-o à mulher bonita,
Demasiadamente cheirando à empáfia,
Que não ficou com meu cheiro no corpo,
Posteriormente arrependida - sem o saber
- E seduzida pelo desconhecido.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Assim me falou o espectro do Comunismo

Há de consumir-te a misericórdia
Pelos oprimidos. Mas tu labutarás.
Há de ferir-te o pé que esmaga
A flor do povo.
Serás sol quando a noite infindável
Lançar seu véu sobre a consciência
Dos trabalhadores. E serás luz.
Atuarás na linha de frente,
Bravio, intimorato, e precipitar-te-ás
Contra quaisquer injustiças, pois és
Filho do mundo, és produto do meio
Social no qual estás inserido,
E, portanto, deves construí-lo dialeticamente.
Serás forte, pois teus braços não serão
Senão os braços das massas.
E serás poeta: a bandeira de tua poesia
Estará impregnada do vermelho
Passional de nossos ideais.
A foice e o martelo, a rosa, a espada
E a estrela em tuas mãos,
Camarada.

Rumores

Amor a ser vendido:
insídia perfídia solidão.

Amor a ser correspondido:
abrigo seguro da solidão.

Amor pelo amor:
a forma secreta concreta completa do desamor.

Amor não existe
senão em quem ama ou amou
com tudo confuso difuso, contudo,
profuso inconcluso
amou.