segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Araguaia

Sobre o manto do teu silêncio,
Araguaia, uma voz bradou:
Pão, terra, liberdade!
E as vozes tirânicas responderam
Com terror, sangue e morte
À luta que então florescia
No seio do teu solo acolhedor, Araguaia.

Quantas vozes falam
Por teu vento uivante, quantos gemidos
De dor se calaram em teus crepúsculos!
Dá-me uma memória, Araguaia,
E que nela esteja a paz de estar lutando.

Araguaia, tão férteis são tuas terras
Que o sangue vertido germinou,
E corre através de minhas veias,
Para invocar tua memória,
Para eternizá-la junto aos meus companheiros.

E os que se embrenharam na mata,
Os meus camaradas, levavam consigo não mais
Que uma bandeira rubra em seus corações.

Levai esta certeza aos vossos túmulos
Inexistentes, corações insepultos:
Nossa luta renasce em vossa morte.

Araguaia, és a minha bandeira!

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Integração

Soaram as horas da insônia,
E no beijo que a lua derrama
Sobre o mundo noturno, senti que chegaste,
Tenaz como feixe de luz.

Tua presença tornou-se indissolúvel,
Teu aroma e teu bálsamo acolheram
Minhas lamúrias, e nas lágrimas
De outrora teu riso límpido desenhou
Meu novo semblante.

Imediatamente o ar balbuciou teu nome,
O mesmo ar que se respira tornou-se
Alimento: e respirei-te, e ingeri-te,
E influí-te, amei-te.

Amo-te porque me insuflas,
E por amar-te defloro o contentamento,
Bem como o regozijo errante que se abrigou
No teu ventre, cuja beleza indizível
Manifesta-se na atmosfera.