domingo, 30 de maio de 2010

Quero

Não quero apenas tua alma,
Mas também tua genitália
Aberta à nossa tentação;
Não quero apenas palavras,
Quero carícias; sentir o contato
Do teu corpo na minha mão
Sequiosa.

Quero ósculos e amplexos,
Mas que haja cópula!
Quero carinhos complexos,
Quero tua língua brincando comigo;
Quero-te toda, o umbigo,
Tuas pernas, meu abrigo.

Quero que o leito
Seja tu,
Para que te deites no meu peito
Com o corpo admiravelmente nu.

Quero idealizar-te num poema
Lúbrico e sem rimas,
Para que suas palavras sejam análogas
Aos sussurros que se perdem pela madrugada,
Inconfundível para os amantes.

Quero isto: meu corpo dentro do teu,
Tua alma ligada à minha;
Ser teu eterno plebeu;
E tu minha perpétua rainha.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

O amante da sombra

Venturoso o ser que pode ver
Nos olhos da amada o azul do céu;
E contemplar, cismando, por cima do seu véu,
A flor que germina ao amanhecer.

Senão que se morra de amor,
Que fim teria um mancebo apaixonado?
Reflito e digo-me: este é o teu fado:
Morrer... Por ser um pobre sonhador?

E, quando sozinho em meu leito,
Meu olhar paira na Lua,
Vejo uma forma de mulher nua
Que se abriga em meu peito.

Portanto, amo a metafísica
Do espectro ilusionista:
A alma que se põe de antagonista
Da minha idealista.

sábado, 15 de maio de 2010

Versos confessionários

Cada passo é um passo para trás,
Ao passo que deixo para trás
O que de trás me persegue,
Obstinadamente, atrás do que está atrás,
A largos passos para trás.
Eu sou um merda.

sábado, 1 de maio de 2010

Eutanásia

Do sono das almas insones e desabrigadas
Que vagam pelo abismo,
Rumo às trevas e ao nada,
Irei desfrutar.
Alimentado pelo ceticismo
De uma vida desregrada
Que há de acabar.

Um amor malfazejo,
Sentimento em putrefação,
Que mancha o próprio beijo
E escarnece da paixão...
Maldito sejas tu, amor que mata
Um peito vivente,
E que feres contente
Minha doce ilusão.

Ó relvas, que bálsamo em meu peito
Sois capazes de proporcionar!
Com todo este sofrimento que me devora,
Sozinho em meu leito
Espero a aurora
Sem acordar.

Cartinha: eis o motivo pelo qual meu sofrimento me mata, aos poucos

Nem sempre estarei aqui para o que precisares, mas, quando isso acontecer, a culpa será única e exclusivamente minha; nem sempre serei um rapaz feliz, mas, quando sentir meu peito aquecer-se, tenha certeza de que a responsável por isso serás tu; nem sempre serei eu mesmo, na tentativa louca de mergulhar-me em ti e acabar sendo completamente envolvido: em tais momentos, viverei para ti, viverei em ti; nem sempre serei amável, mas sempre serei amante; nem sempre serei paciente, mas serei ouvinte; nem sempre viverei, e, quando morrer, purificarei minha alma para chegar ao paraíso ao qual tu aspiras; nem sempre serei bondoso, mas minhas maldades serão perdoadas por ti, pois sei que és o extremo da bondade, colocada em minha vida a fim de tornar-me alguém melhor; nem sempre conseguirás, mas será por falta de esforço de minha parte; nem sempre serei forte, para sentir-te fortalecendo-me com esse sorriso que me alimenta a alma; nem sempre te falarei coisas bonitas, mas será porque estarei distraído, absorto, em teu olhar; nem sempre o perceberei, mas será porque estarei ouvindo-te suspirar; nem sempre o ouvirei, mas será porque estarei sonhando contigo; nem sempre sonharei, mas será porque estarei tendo algum pesadelo, no qual tu me abandonarias, cansada dos meus erros; nem sempre errarei, mas meus acertos cairão todos em tua conta; nem sempre te elevarei, mas sempre me rebaixarei por isso; nem sempre me mostrarei, pois adoro quando levantas a sobrancelha esquerda, com ar pensativo, para desvendar-me; para sempre te amarei.