sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Extremo

Este amor que me consome
Levar-me-á ao túmulo:
Meu coração que sente fome
Não terá mais um crepúsculo.

Oh! Uma memória! Quão reduzido torna-se o homem
Quando não é capaz de segurar o ímpeto
Do amor dum anjo que não lhe olha;
Que não lhe toca!

Consagrado és tu, amor que chegas ao limite comigo;
Ao limite da vida que escorre;
Que morre!
Dize, coração: “Sou mesmo teu amigo!”

Um bálsamo, oh, um bálsamo!
Qual consolo tem um desvalido
Que vê o derradeiro sorriso nos lábios de uma santa?
Que vê no céu uma nuvem negra que paira sobre si
E sente em sua fronte uma torrente de lágrimas?!

O mártir do amor eu serei!
Agora que a eutanásia considera-me um rei
Posso ir em paz – sem paz!
Adeus, vida! Não te desejo mais!

Se ao menos pudesses cantar-me uma nênia;
Terminaria honrada a minha existência;
Como último suspiro a palavra que balbucio com ardor:
Morro por ti, morro de amor.